A Marinha do Brasil celebrou, nesta quinta-feira (20), no Museu Naval, a trajetória do escritor, engenheiro e navegador Aleixo Belov. Organizada pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), a homenagem mergulhou nos feitos e conquistas do ucraniano naturalizado brasileiro, que deu cinco voltas ao mundo a bordo de veleiros que ele mesmo construiu.
O evento contou com a exibição do curta-metragem premiado “Belov: Uma Vida no Mar”, dirigido por Thiago Abubakir, presente na ocasião. O documentário traz uma perspectiva poética sobre as expedições de Belov e seu compromisso com o ensino da navegação.
“O filme, além de um viés informativo, celebra e homenageia o legado de um dos maiores navegadores do Brasil de forma poética e sensível”, explicou Abubakir.
Outra atração foi a sessão de autógrafos do livro “Uma Vida Inteira de Amor ao Mar”, primeiro volume de uma trilogia autobiográfica que narra a história de Belov desde sua chegada ao Brasil até suas descobertas no mar baiano.
Também foi inaugurada uma exposição com itens históricos do Museu do Mar Aleixo Belov, fundado pelo navegador na Bahia, com o propósito de inspirar novas gerações a desbravar os oceanos.
“É uma satisfação muito grande receber o Aleixo Belov aqui. Uma história realmente magnífica de vida dedicada ao mar! O objetivo de trazer o Alexo é dar um pouco mais de visibilidade àquele que é um dos grandes navegadores, entusiastas da arte de navegar no nosso País”, declarou o Diretor do Museu Naval, Vice-Almirante Gilberto Santos Kerr.
Uma vida inteira de amor ao mar
Nascido na Ucrânia e naturalizado brasileiro, Belov chegou ao País ainda criança, quando sua família fugiu da guerra. Aqui, encontrou oportunidades que moldaram seu futuro, como a educação gratuita, que lhe permitiu formar-se em Engenharia Civil. Para ele, o mar é um chamado, um destino. “Transformei o meu hobby em profissão”, conta orgulhoso.
O fascínio dele pelo mar começou cedo, quando ganhou um óculos de mergulho e se encantou com as águas da Bahia. Movido pelo desejo de explorar, decidiu conhecer os oceanos do mundo. Construiu no quintal de casa o veleiro “Três Marias”, com o qual realizou, sozinho, três voltas ao mundo.
Tempos depois, projetou e construiu o Veleiro Escola “Fraternidade”, uma embarcação maior que lhe permitiu completar sua quarta e quinta volta. Com essa nova embarcação, Belov transformou sua paixão em um legado, oferecendo educação marítima e formando novos navegadores.
“Depois de três viagens, constatei que aprendi muitas coisas e precisava passar esse conhecimento. Construí o “Fraternidade” para levar jovens para navegar comigo e passar o que eu tinha aprendido. Fiz duas voltas ao mundo com jovens, fui para a Antártica, voltei e ainda realizei a passagem Noroeste, ofereci mais de 60 vagas”, contou.
Em 2012, o aventureiro foi condecorado com a Medalha e o Título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Naval, uma das mais altas honrarias da MB.
Aos 82 anos, a jornada dele continua. No dia 12 de abril, Belov partirá para uma nova expedição. Dessa vez, rumo às águas gélidas da Sibéria. “Não estou encontrando nada que me apaixone em terra. Estou com saudades do mar e vou voltar”, declarou.