Tornando a Segurança Cibernética Parte do DNA das Instituições.

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O tema segurança da informação e cibernética tem sido muito presente no noticiário diário, normalmente em aspectos bem negativos, como: vazamento de dados, ransomware, malware, vulnerabilidades etc. Embora os investimentos em tecnologias de segurança tenham aumentado significativamente nos últimos anos, os incidentes continuam a ocorrer com muita frequência gerando desgaste na imagem das instituições e grandes prejuízos financeiros. Uma certeza é que, em muitos casos, falhas humanas favorecem as ações dos meliantes digitais.

Diante desse cenário, especialistas buscam alternativas de tornar o ambientes digitais mais seguros a partir de uma mudança estratégica: adotar os chamados Security Behavior and Culture Programs (SBCPs). O grande objetivo  não é algo novo, mas continua sendo o desejo de dez entre cada dez  Chiefs Information Security Officer (CISOs). Como ferramenta principal para mitigar riscos ligados ao comportamento humano, a promoção de uma verdadeira cultura de segurança desponta como a solução ideal.

A Gartner propõe uma distinção clara entre programas tradicionais de conscientização e os SBCPs. Enquanto os primeiros se concentram em ensinar regras e boas práticas por meio de treinamentos genéricos, os SBCPs assumem uma abordagem mais ampla e orientada por dados, com o objetivo de moldar os comportamentos e as atitudes do usuário em relação à segurança da informação e cibernética. A consultoria enfatiza que o sucesso dos SBCPs está ligado ao seu alinhamento com a cultura organizacional, ao uso de dados comportamentais e à participação ativa das lideranças. Empresas que adotam SBCPs com apoio de tecnologias como GenAI poderão, segundo previsões da Gartner, reduzir em até 40% os incidentes causados por erro humano até 2026. O lema para essa mudança de ação seria: Evoluir da conscientização para o comportamento.

A Keepnet Labs destaca que os SBCPs são essenciais porque atuam na raiz do problema: o comportamento humano. Segundo a empresa, a cultura de segurança deve ser continuamente reforçada por meio de comunicação, feedback e reforço positivo, criando um ambiente em que práticas seguras sejam não apenas esperadas, mas socialmente normatizadas. Além disso, SBCPs eficazes são construídos com base em ciclos iterativos de avaliação e melhoria, utilizando métricas para identificar lacunas e mapear tendências comportamentais específicas de cada organização. Com isso aprende-se outra regra importante, que a cultura de segurança não se impõe, na verdade ela é construída.

A Group-IB vai além, argumentando que a dependência exclusiva da tecnologia como defesa contra ameaças é um erro. Em sua análise de diversos incidentes reais, a empresa demonstrou que a ausência de uma cultura de segurança sólida frequentemente é o fator decisivo que permite a efetivação de ataques. Seja por descuido, negligência ou desconhecimento, ações humanas continuam sendo a principal porta de entrada para cibercriminosos. Para reverter esse quadro, é necessário que as organizações tratem a segurança como um valor institucional, integrando-a aos objetivos corporativos, aos processos internos e à mentalidade dos colaboradores. Resumidamente, tecnologia, apesar de importante, não é suficiente, pois o principal vetor de ataques é facilitado pela aus6encia de uma cultura de segurança.

A CyberconIQ apresenta um framework para a criação de um SBCP sustentável e adaptável à realidade de cada organização. O primeiro passo é realizar uma avaliação diagnóstica da cultura de segurança vigente, identificando crenças, atitudes e comportamentos. Em seguida, devem ser definidas metas de mudança e intervenções, como campanhas de comunicação, treinamentos personalizados e mecanismos de reforço. A empresa destaca ainda a importância da participação das lideranças, do uso de dados para tomada de decisão e da capacidade de adaptação contínua do programa conforme os resultados evoluem.

Os Security Behavior and Culture Programs representam uma postura das organizações, na qual a tecnologia, embora necessária, não é suficiente. Organizações que compreendem o comportamento humano na cadeia de riscos estão investindo em programas que promovem mudanças reais de atitude, consolidam a confiança e aumentam a resiliência frente às ameaças.

No entendimento desse autor, a consolidação de uma cultura de segurança não é um simples projeto, mas sim um processo relevante para toda instituição pública ou privada com um resultado claro, que é obter vantagem competitiva frente às outras organizações que não escolherem o caminho da segurança eficiente.

Fontes

  1. Gartner. Security Behavior and Culture Programs (SBCPs) Adoption Strategies. Disponível em: https://www.gartner.com/peer-community/oneminuteinsights/omi-security-behavior-culture-programs-sbcps-adoption-strategies-pqp. Acesso em: maio de 2025.

  2. Group-IB. Technology Alone Isn’t the Answer to Cyber Threats — Time to Rethink Security Culture. Disponível em: https://www.group-ib.com/blog/technology-alone-isn-t-the-answer-to-cyber-threats-time-to-rethink-security-culture/. Acesso em: maio de 2025.

  3. Keepnet Labs. What Is a Security Behavior and Culture Program (SBCP)?. Disponível em: https://keepnetlabs.com/blog/what-is-a-security-behavior-and-culture-program-sbcp. Acesso em: maio de 2025.

  4. CyberconIQ. Building a Security Behavior and Culture Program. Disponível em: https://cyberconiq.com/blog/building-a-security-behavior-and-culture-program/. Acesso em: maio de 2025.


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Fonte: DCIBER

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.

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