Eletronuclear adota medidas de austeridade para cortar gastos

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A Eletronuclear anunciou recentemente uma série de medidas estratégicas visando aprimorar sua gestão e assegurar a viabilidade financeira da empresa e continuidade da construção da usina nuclear Angra 3. As principais iniciativas incluem reestruturação organizacional, redução de despesas operacionais e implementação de um plano de demissão voluntária.

Reestruturação Organizacional

Aprovada pelo Conselho de Administração em 27 de janeiro de 2025, a nova estrutura organizacional entrará em vigor em 1º de abril de 2025, com uma economia estimada de R$ 3 milhões anuais. As mudanças visam aumentar a eficiência e agilidade da empresa, reduzindo níveis hierárquicos e eliminando sobreposições de atividades.

Especificamente, haverá uma redução de quatro superintendências e 36 gerências ou assessorias, totalizando a eliminação de 43 cargos de chefia. Essa reestruturação está alinhada ao estágio atual do projeto Angra 3, cuja entrada em operação foi reprogramada para 2031. Funcionários anteriormente dedicados a Angra 3 serão realocados para as usinas em operação, Angra 1 e 2.

Redução de Despesas Operacionais

Desde 2021, os custos com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO) da Eletronuclear estavam significativamente acima do valor concedido em tarifa pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2022, por exemplo, a empresa gastou R$ 1,6 bilhão em PMSO, enquanto a Aneel havia concedido R$ 1,1 bilhão, resultando em um déficit de R$ 500 milhões. Em 2023, o déficit aumentou para R$ 700 milhões.

Com medidas de racionalização já implementadas, a empresa reduziu os gastos com PMSO em 2024 de R$ 2,4 bilhões para R$ 1,9 bilhão. A meta é alinhar os custos ao PMSO regulatório da Aneel até o final de 2026. As estratégias adotadas incluem revisão de contratos, otimização de processos e controle mais rigoroso de despesas com pessoal.

Cobrança de Custos de Manutenção das Vilas Residenciais

A Eletronuclear implementará a cobrança de uma taxa para custear serviços de manutenção das vilas residenciais destinadas aos funcionários em Angra dos Reis. A medida visa cobrir despesas como limpeza, água, luz, telefone e IPTU, e não se trata de um aluguel. Esse benefício não está previsto nos editais de concursos da empresa e foi ajustado para assegurar uma gestão mais sustentável.

Plano de Demissão Voluntária (PDV/PDI)

A empresa também adotará um plano de demissão voluntária, visando adequar o quadro de pessoal às novas necessidades organizacionais e contribuir para a redução de despesas operacionais.

Revisão do Plano de Negócios e Gestão (PNG 2025-2029)

O novo Plano de Negócios e Gestão, aprovado pelo Conselho de Administração, estabelece diretrizes estratégicas para os próximos cinco anos, priorizando segurança, confiabilidade e sustentabilidade financeira. O plano contempla diferentes cenários para a retomada das obras de Angra 3, condicionada a decisões governamentais, e inclui o projeto de extensão da vida útil de Angra 1, além de metas de eficiência operacional e fortalecimento da governança corporativa.

Essas iniciativas refletem o compromisso da Eletronuclear com a melhoria contínua da gestão e a busca por uma operação cada vez mais eficiente e sustentável, garantindo a viabilidade de projetos estratégicos como Angra 3.

Editorial Defesa TV

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.

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