A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados anunciou, em 9 de abril de 2025, que irá encaminhar ao Ministério das Relações Exteriores um requerimento oficial solicitando que o governo brasileiro declare os Houthis, do Iêmen, como grupo terrorista. A proposta partiu do deputado General Pazuello (PL-RJ), que aponta os recentes ataques no Mar Vermelho como justificativa para a medida.
Fundamentação do Requerimento
Segundo o deputado, os Houthis integram o chamado “Eixo da Resistência” – aliança coordenada pelo Irã e formada por milícias como o Hezbollah (Líbano) e o Hamas (Palestina), com o objetivo de confrontar Israel e o Ocidente. Pazuello destacou que, desde novembro de 2023, os Houthis realizaram mais de 40 ataques a embarcações comerciais no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, colocando em risco o tráfego marítimo internacional e a estabilidade geopolítica da região.
Além dos impactos diretos à navegação, o parlamentar frisou o caráter ideológico e beligerante do grupo, enfatizando que já são considerados uma organização terrorista por diversos países e organismos internacionais.
O Papel do Itamaraty
A decisão final sobre o reconhecimento dos Houthis como grupo terrorista cabe ao Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), que deverá analisar o pedido com base nas diretrizes da política externa brasileira. Atualmente, o Brasil adota uma postura de cautela quanto a designações unilaterais desse tipo, preferindo ações coordenadas com organismos multilaterais, como a ONU.
No entanto, a pressão crescente no Congresso e o aumento da instabilidade no Oriente Médio podem acelerar esse posicionamento, sobretudo diante de ameaças à navegação comercial – setor vital para o comércio exterior brasileiro.
Implicações Estratégicas
Reconhecer os Houthis como grupo terrorista pode ter efeitos relevantes na diplomacia brasileira, aproximando o país das posturas dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia, que já adotaram tal classificação. Além disso, essa medida pode impactar relações bilaterais com nações árabes aliadas ao Irã, exigindo equilíbrio diplomático.
O Brasil tem interesses estratégicos na segurança marítima internacional, especialmente no transporte de petróleo e commodities que passam pela região do Mar Vermelho. Nesse sentido, a posição brasileira poderá influenciar negociações futuras sobre segurança global e cooperação antiterrorismo.
Editorial Defesa TV