COMAE sedia curso para formação de analistas de eventos espaciais

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O Centro de Operações Espaciais (COPE), do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), sediou, em fevereiro, a primeira edição do curso JCO-200 no Brasil e na América Latina. Promovido pela Joint Commercial Operations (JCO) da Força Espacial dos Estados Unidos (USSF), o treinamento capacitou militares brasileiros para atuarem como Analistas de Eventos Espaciais (Space Event Analysts – SEA). Esses profissionais monitoram objetos espaciais ativos, identificam ameaças e emitem alertas aos operadores de satélites dos países membros, garantindo a proteção de ativos espaciais.  

A turma foi composta por oito militares do COMAE, entre Oficiais e Graduados, além de uma Oficial da USSF que realiza intercâmbio no Brasil. O desempenho foi excepcional: os alunos obtiveram média final acima de 90%, a mais alta desde a criação do curso em 2022, que já formou mais de 130 profissionais ao redor do mundo. A capacitação incluiu instruções teóricas e práticas sobre mecânica orbital, movimento relativo no espaço e monitoramento de eventos espaciais, além de treinamento intensivo em ambiente simulado, no qual os participantes se familiarizaram com ferramentas e procedimentos operacionais do JCO.  

Com essa formação, o COPE/COMAE ampliou significativamente sua capacidade operacional no JCO. Antes, o Brasil contava com três Analistas de Eventos Espaciais certificados e um instrutor qualificado. Agora, são onze Analistas, sendo três habilitados para atuar como líderes de célula, responsáveis por coordenar operações em nível regional. Além disso, um novo instrutor foi certificado, consolidando a célula brasileira do JCO. Essa evolução permite ao Brasil contribuir ativamente com turnos de operação nas células Meridiana (que inclui Reino Unido, França, Polônia e Ucrânia) e Américas (composta por EUA, Canadá, Colômbia, Peru e Chile).  

O Chefe do COPE, Brigadeiro do Ar Alessandro Cramer, destacou a importância dessa ampliação da presença brasileira. “Com mais militares capacitados, podemos atuar de forma consistente e contínua no JCO, 24 horas por dia, sempre que necessário. Além disso, nossos oficiais estão preparados para assumir a liderança de células operacionais quando solicitados”, afirmou. 

O Oficial-General também enfatizou o papel estratégico do Brasil na segurança espacial. “Nosso envolvimento fortalece a posição do país como referência na América do Sul no monitoramento de atividades espaciais”, finalizou. 

A expectativa é que o curso JCO-200 passe a ser realizado anualmente, com a possibilidade de abertura de vagas para militares de países parceiros da América do Sul e de outras regiões.  

Sobre a Joint Commercial Operations

A Joint Commercial Operations (JCO) é uma iniciativa da Força Espacial dos Estados Unidos (USSF) voltada à cooperação internacional na proteção e defesa de ativos espaciais estratégicos. A operação integra sensores comerciais distribuídos globalmente, permitindo o monitoramento quase em tempo real de objetos espaciais de interesse.  

Entre suas atividades, destaca-se o monitoramento de operações de aproximação e encontro (Rendezvous and Proximity Operations – RPO), que envolvem a movimentação intencional de objetos espaciais para se aproximar de satélites. Essas operações podem ter finalidades legítimas, mas também incluem riscos como interceptação de sinais, interferência em comunicações e ataques cinéticos, que podem comprometer satélites. 

Atualmente, o JCO opera 24 horas por dia e conta com cerca de 20 países membros, incluindo EUA, Canadá, Reino Unido, França, Austrália, Nova Zelândia e Japão. Suas operações são distribuídas em três células regionais: Pacífico (Oceania e Ásia), Meridiana (Europa e Oriente Médio) e Américas (continente americano). O Brasil, devido à sua localização estratégica e crescente participação, está apto a atuar tanto na célula Meridiana quanto na célula Américas, ampliando sua relevância na segurança espacial global.

Fotos: COMAE



Fonte:Força Aérea Brasileira

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.

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