como lidar com a cibersegurança na era da IA Generativa?

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A Inteligência Artificial (IA) Generativa cresce exponencialmente, trazendo benefícios que vão da automatização de processos à geração de insights estratégicos. No entanto, essa expansão também amplia os desafios da segurança cibernética, tornando essencial a adoção de medidas preventivas.

Para se ter uma ideia, a Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP) aponta que os crimes cibernéticos aumentaram 45% no Brasil em 2024. Isso significa que uma em cada quatro pessoas são alvos de golpes. Hackers estão se adaptando e usando IA para criar ataques mais sofisticados e difíceis de identificar.

Um dos exemplos é o uso das deepfakes, técnica baseada em IA para criar imagens e áudios falsos que parecem reais. Segundo a Sumsub, plataforma de verificação de identidade, essa prática cresceu 830% no Brasil entre 2022 e 2023. Trata-se de uma tática para manipular informações, explorar a credibilidade de figuras públicas e induzir fraudes. Não à toa, as figuras de famosos e celebridades são muito utilizadas por criminosos nesta abordagem.

Os ataques de phishing também se tornaram mais sofisticados. A consultoria de cibersegurança Redbelt Security estima que mais de 3,5 milhões de brasileiros foram vítimas desses golpes em 2023. O crescimento de dispositivos conectados e da coleta constante de dados sensíveis precisam, mais do que nunca, de uma proteção digital reforçada.

Fortalecendo a segurança digital

Diante dessas ameaças, empresas e usuários precisam reforçar suas estratégias de defesa. O setor de tecnologia tem um papel fundamental na proteção de plataformas e serviços de IA Generativa, garantindo que novas soluções não se tornem ferramentas para ataques cibernéticos. Além do desenvolvimento de tecnologias mais seguras, a educação digital é essencial. A falta de conscientização sobre práticas básicas de segurança amplia as vulnerabilidades e compromete a confiança na inovação.

Enfatizar a importância de se preocupar com a privacidade, segurança e veracidade das informações nunca é demais. A falta de conscientização e de práticas adequadas sobre tópicos ligados à cibersegurança não só eleva vulnerabilidades digitais, como também trava o desenvolvimento da IA como uma ferramenta de inovação, que precisa ser uma aliada dos seres humanos na sociedade e no mercado.

Só com esse olhar proativo sobre a educação digital é que a população estará ciente de assuntos que parecem básicos, mas não são. Um grande exemplo disso é o conhecimento completo dos dados pessoais que estão compartilhando. Parece “chover no molhado” dizer que não é recomendável abrir informações sensíveis em sites ou formulários suspeitos, ou usar senhas fortes e diferentes para cada serviço on-line, mas definitivamente essa é uma tecla que deve ser batida constantemente.

Podemos citar a importância de utilizar fontes confiáveis e reconhecidas no momento de se informar, como portais de notícias estabelecidos e organizações respeitáveis. Principalmente quando entramos no mérito das deepfakesprocurar evidências que corroborem um determinado assunto em mais de um canal e comparar conteúdos não é perda de tempo, mas sim uma forma de certificar que se trata de algo real. Cada vez mais, precisaremos desenvolver um “ceticismo crítico” a respeito das notícias, imagens e vídeos que vemos em aplicativos de mensagens e redes sociais.

É com esses passos mais “simples” de engenharia social que outras defesas podem ser adotadas. Medidas de proteção como anonimização e criptografia, por exemplo, são ótimas provas de como reduzir riscos e complementar as barreiras contra cibercriminosos.

Lembre-se: a evolução da IA é irreversível, portanto sua segurança deve acompanhar esse ritmo. Todos precisam assumir um compromisso contínuo com essa missão e abraçar uma mudança cultural que valoriza o pensamento crítico. Somente assim vamos caminhar para um futuro verdadeiramente inovador.

*Fabrício Carraro é Program Manager da Alura, o maior ecossistema de educação em tecnologia do Brasil, e autor publicado sobre IA.


Fonte: DCIBER

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.

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