Conheça a origem do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha

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A imagem acima é uma reprodução da tela “La recuperación de Bahia de Todos los Santos”, do artista Juan Bautista Maíno, que retrata a expulsão dos holandeses de Salvador (BA). A obra, exibida em um dos salões do Museu do Corpo de Fuzileiros Navais, na Fortaleza de São José da Ilha das Cobras (RJ), presta homenagem a um fato histórico pouco conhecido: o batismo de fogo da tropa que daria origem ao Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), o Terço da Armada da Coroa de Portugal.

Hoje, quatro séculos depois dessa batalha, lembramos um período em que o grupo de militares portugueses não apenas moldou a história militar lusitana e brasileira, mas também se tornou um símbolo de resistência e identidade nacional.

Criado em 1621, durante a União Ibérica, o Terço da Armada surgiu em meio a um período de intensas transformações e desafios. Na época, Portugal estava sob domínio espanhol e enfrentava a ameaça de invasões holandesas em suas colônias.

A origem está ligada diretamente à Batalha de São Salvador, que ocorreu em 1º de maio de 1625. Diante daquele cenário, foi enviada pelo rei da Espanha, Dom Felipe IV, a chamada “Jornada de Vassalos”, que consistia em uma frota de 52 navios e cerca de 13 mil militares, sendo a maior parte composta pela nobreza.

Ocorrida entre março e maio daquele ano, a batalha foi marcada pela resistência dos holandeses, que tentavam estabelecer bases no Brasil para colonizá-lo. Além de expulsar os invasores, essa vitória portuguesa consolidou o Terço da Armada como a primeira tropa de infantaria permanente do reino, o que reforça aquele momento como o início do Corpo de Fuzileiros Navais, cuja gênese também remete às suas características mais caras: uma tropa anfíbia e de caráter expedicionário.

Segundo o historiador e Capitão-Tenente (Fuzileiro Naval) Miguel Freire Marques Lustosa, para além das conquistas militares históricas, o Terço da Armada foi fundamental para a proteção das riquezas do Brasil. “A relevância do Terço da Armada se estende além de suas vitórias militares. Ele foi fundamental para a defesa da costa brasileira, em um período em que a colônia era rica em recursos, como a cana-de-açúcar, e necessitava de proteção contra ameaças externas.”

A história do Terço da Armada também alude à importância de valorizar os heróis que moldaram a nação. “Um povo sem história é um povo sem memória”, reforça o Capitão-Tenente Lustosa, enfatizando a necessidade de conhecer e reconhecer os grandes vultos históricos que contribuíram para a formação do Brasil, como o comandante da expedição, Dom Fradique de Toledo, que hoje é homenageado com um busto na Ilha de Villegagnon, berço dos Oficiais da Marinha do Brasil.

Ele ainda ressalta a influência do resgate de fatos históricos sobre as novas gerações. “Celebramos um acontecimento notável que ocorreu há exatamente 400 anos. Quatro séculos se passaram, mas a coragem e o heroísmo dos antepassados continuam a inspirar os militares e a sociedade atual”, afirma Lustosa.

O Corpo de Fuzileiros Navais

O Terço da Armada foi a grande inspiração que motivaria a criação, em 1797, por Dona Maria I de Portugal, da Brigada Real da Marinha. Chegando ao Rio de Janeiro em 7 de março de 1808, após cumprir brilhantemente a tarefa de escolta e segurança da família real portuguesa, a Brigada seria utilizada em Caiena, em 1808/1809, e, ao seu regresso, ocuparia a Fortaleza de São José, onde permanece com suas organizações militares de mais alto nível até hoje. A data, por sua referência e simbolismo, tornou-se o Dia dos Fuzileiros Navais.

Atualmente, o CFN integra a Marinha, por meio do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais. Entre as atuações principais estão as operações anfíbias e ribeirinhas, humanitárias, de paz e de apoio à defesa civil.

Museu

Para preservar essa história, um importante acervo está disponível no Museu do Corpo de Fuzileiros Navais, na Fortaleza de São José, centro do Rio de Janeiro (RJ). Com peças únicas e uma das maiores coleções de armas do Brasil, o Museu se vale da antiga estrutura dos três fortes que se uniam por um túnel subterrâneo, ainda aberto ao público.

O museu abre de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 16h, e aos sábados, das 9h às 12h, para grupos com mais de vinte visitantes. A entrada é franca, mas é necessário fazer um agendamento prévio para as visitações aos sábados por meio do telefone: (21) 2126-5053 ou do e-mail [email protected].

Para mais informações, clique aqui

*Com participação do curador do Museu do CFN,
Capitão de Corveta (FN) Esley Rodrigues

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Fonte: Agência Marinha

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.

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