A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados aprovou, no dia 9 de abril de 2025, dois requerimentos que pressionam a Casa Civil da Presidência da República e o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) a esclarecerem os desdobramentos de uma suposta operação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) contra autoridades do Paraguai. A medida reacende um foco de tensão diplomática entre os dois países vizinhos.
Invasão de Sistemas e Diplomacia em Xeque
O estopim da crise foi uma denúncia de que a ABIN teria invadido computadores de autoridades paraguaias. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO), autor dos requerimentos, questiona se o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi informado da ação pelo diretor-geral da ABIN, Luiz Fernando Corrêa. A operação teria sido autorizada por Corrêa, o que levanta preocupações sobre a legalidade e a ética da conduta da inteligência brasileira.
Para o parlamentar, a falta de transparência e a natureza da suposta ação podem ter causado sérios danos à imagem internacional do Brasil e prejudicado o relacionamento com o Paraguai, especialmente em um momento sensível de negociações bilaterais.
Itaipu no Centro da Polêmica
Um dos pontos mais delicados do caso é a possibilidade de que a ação da ABIN tenha buscado acessar informações sigilosas relacionadas às negociações de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu – empreendimento binacional de extrema importância estratégica para ambos os países. O Itamaraty agora terá de esclarecer se tinha conhecimento da operação e se ela está alinhada com os princípios diplomáticos e de boa-fé que regem as relações exteriores brasileiras.
Repercussões e Consequências
Esse episódio coloca em xeque os limites da atuação da ABIN em território estrangeiro e a coordenação entre os órgãos de inteligência e as esferas diplomáticas. Além disso, reforça a necessidade de maior controle institucional e parlamentar sobre as ações de inteligência, especialmente em contextos internacionais delicados.
A resposta da Casa Civil e do Itamaraty aos requerimentos deverá balizar os próximos passos da diplomacia brasileira e o grau de comprometimento do governo federal com a transparência e a legalidade em suas ações estratégicas.
Editorial Defesa TV