Da defesa reativa à proativa: O novo cenário da cibersegurança em 2025

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A IA está emergindo como protagonista nesta nova fase da cibersegurança, deixando de ser apenas uma ferramenta auxiliar para se tornar um agente autônomo de defesa ativa. Segundo o relatório Cybersecurity Forecast 2025 do Google Cloud, 2025 marcará uma virada significativa, com a consolidação de operações semiautônomas e a preparação para um futuro de proteção digital totalmente automatizada. No Brasil, esse movimento já é evidente, com 85% das empresas aumentando seus investimentos em IA generativa nos últimos 12 meses, superando a média global de 78%.

Contudo, esta evolução traz consigo novos desafios e preocupações. Um dado alarmante revelado neste ano mostra que 89% dos líderes de TI temem impactos na cibersegurança devido a falhas na IA Generativa. Além disso, 87% dos profissionais expressam apreensão quanto à possível falta de responsabilidade pela segurança digital devido ao excesso de confiança na tecnologia. Este cenário é ainda mais complexo quando consideramos que apenas 2% das organizações globais implementaram integralmente ações de resiliência na área.

O uso de IA para detectar anomalias, responder a incidentes e antecipar ameaças será cada vez mais presente, permitindo um tempo de resposta muito mais rápido, um dos principais desafios atuais da cibersegurança. Entretanto, este avanço não estará livre de desafios. A maturação dos modelos de IA, a confiança nos sistemas automatizados e as questões de governança serão cruciais para garantir que essas tecnologias ajudem sem comprometer a segurança e a privacidade das organizações. Para as empresas, isso representará a necessidade de revisar suas políticas de governança, garantindo que a IA seja usada de forma ética e em conformidade com regulamentações cada vez mais rigorosas.

O Fórum Econômico Mundial adiciona outra camada de complexidade ao destacar que 54% dos representantes corporativos consideram o supply chain de Sistema de Informação (SI) como o maior obstáculo à resiliência cibernética. Esta preocupação é amplificada pela crescente interconexão das cadeias de suprimento, tensões geopolíticas e a ascensão de tecnologias emergentes, como novas linguagens de IA e computação quântica. Ou seja, a segurança cibernética será, portanto, uma responsabilidade compartilhada, exigindo colaboração entre empresas, governos e outras entidades.

No contexto brasileiro, as regulamentações têm desempenhado um papel crucial no fortalecimento da segurança digital. Boa parte dos líderes brasileiros afirmaram recentemente que as regulamentações incentivaram o aumento de investimentos em segurança nos últimos 12 meses, com 89% reconhecendo que estas normas ajudaram a fortalecer suas posturas de segurança. No entanto, persiste uma lacuna de confiança entre CEOs e CISOs quanto à capacidade de cumprir exigências regulatórias, especialmente em relação à IA e resiliência cibernética.

As organizações enfrentam também desafios financeiros significativos relacionados à implementação da IA Generativa. Enquanto 75% dos líderes de TI concordam que os custos da IA Generativa em produtos de cibersegurança são difíceis de quantificar, 87% acreditam que as economias geradas pela tecnologia compensarão os investimentos. Esta perspectiva positiva é contrabalanceada pela preocupação com a pressão para reduzir o número de profissionais de segurança cibernética, expressa por 84% dos entrevistados.

No cenário nacional, destaca-se ainda a crescente preocupação com golpes financeiros, particularmente aqueles relacionados ao PIX. Segundo um relatório sobre o tema, as perdas com fraudes devem crescer 39% até 2028, potencialmente atingindo US$ 1,937 bilhão. Este aumento está diretamente relacionado à expansão de golpes baseados em engenharia social, que não requerem conhecimento técnico avançado por parte dos criminosos.

O futuro da segurança cibernética e digital para empresas em 2025 e no futuro demandará uma abordagem equilibrada entre inovação tecnológica e prudência. As companhias precisarão investir não apenas em tecnologias avançadas de proteção, mas também em treinamento de pessoal, conscientização sobre riscos e estabelecimento de protocolos robustos de segurança. A colaboração entre setores público e privado, bem como o compartilhamento de informações sobre ameaças, poderá se tornar cada vez mais crucial para construir um ambiente digital mais seguro e resiliente – e pelo preço certo.

Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies.

Fonte: Tiinside.com

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.

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