Cinquenta questões, uma redação, apresentação de títulos e etapas complementares: esses são os desafios dos bacharéis em Odontologia que almejam a aprovação no Concurso Público de Carreira para Ingresso no Corpo de Saúde da Marinha do Brasil (MB).
O edital já está no ar e prevê quatro vagas para ingresso no Quadro de Cirurgião-Dentista (CP-CSM-CD/2025), nas especializações de endodontia, implantodontia, prótese dentária e ortodontia.
O Capitão-Tenente (Cirurgião-Dentista) Fábio Fernandes Alves, de 42 anos, já foi dentista temporário no Exército Brasileiro e, em 2015, conseguiu a aprovação para o Corpo de Saúde da Marinha. Para sua preparação, como ainda não havia difusão de informações sobre como fazê-lo, nem materiais avançados para tal concurso, teve que somar criatividade e perseverança.
“As informações não eram vastas e acessíveis. Tínhamos cursos preparatórios, mas não havia muitos voltados para carreiras militares, como existe hoje. Fiz um desses cursos, mas basicamente meu preparo foi estudando a bibliografia recomendada”, lembrou. Estudando pelos livros, o Capitão-Tenente Fábio fazia resumos e fichas para revisão posterior, além de resolver inúmeras questões de concursos anteriores.
Ele conta que a escolha pela carreira militar veio pela experiência como Oficial temporário. “Quando me formei, a princípio, escolhi a iniciativa privada. Mas os desafios de gerir um consultório, sendo ainda muito jovem, me levaram a optar por concursos públicos. Fiz residência em Odontologia Hospitalar e logo em seguida passei na seleção do Exército. Servindo lá, me identifiquei com a vida e os valores militares e, assim, direcionei meus estudos para os concursos das Forças Armadas”, afirmou o Capitão-Tenente.
Trabalho inspirador
A Capitão de Corveta (Cirurgiã-Dentista) Anna Carolina Bastos de Souza também passou pelo processo seletivo de carreira da MB e hoje atua como ortodontista no Hospital Naval de Brasília (HNBra). Mas antes de se mudar para a Capital Federal e servir neste hospital de referência, pôde conhecer a realidade de muitos brasileiros que necessitam de atendimento odontológico no interior do País. E não só conheceu, mas ajudou a mudar para melhor a realidade daquelas pessoas.
Com 43 anos e natural do Rio de Janeiro, a Capitão de Corveta Anna Carolina graduou-se dentista em 2006 e ingressou na Marinha em 2012, inicialmente visando conquistar a estabilidade financeira que a carreira militar proporciona, além da possibilidade de acompanhar seu marido – que também é militar – nas movimentações a trabalho.
“Então, descobri a inspiração que é contribuir com a prontidão dos militares da Força, sabendo que nós participamos de missões que são de grande valor para o País, protegendo nossos mares e rios e suas riquezas”, contou.
Para ela, atender à família naval é uma experiência gratificante — tanto quanto participar das Ações Cívico-Sociais (ACiSos), que prestam assistência a ribeirinhos e indígenas, populações frequentemente em situação de grande vulnerabilidade.
“Quando servi no 9º Distrito Naval, no Amazonas, tive a oportunidade de embarcar no Navio de Assistência Hospitalar ‘Carlos Chagas’ e participar de uma missão atendendo às comunidades ribeirinhas, em um trabalho extremamente gratificante. Muitas dessas pessoas contam somente com o atendimento realizado por esses navios, uma vez que o acesso a postos de saúde é bem precário. É uma realidade bem diferente da que estamos acostumados”, lembrou.
Vencendo a concorrência
Para conquistar a sonhada aprovação no CP-CSM-CD, a Comandante Anna Carolina fez um curso preparatório que lhe ajudou a ter um norte. Mas, segundo ela, a chave para a conquista foi ter se dedicado aos estudos em uma rotina de cerca de oito horas diárias, abrindo mão de finais de semana e feriados em prol de um objetivo maior.
“Segui as sugestões da bibliografia divulgada no Edital. Alguns livros adquiri, mas pude ter acesso à biblioteca do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro, que tem um acervo de livros riquíssimo, o que me ajudou bastante. Outra dica importante é que a DEnsM (Diretoria de Ensino da Marinha) divulga as provas de anos anteriores, e isso é fundamental para se ter uma ideia do que esperar do certame e como se preparar melhor”, afirmou.
A Capitão de Corveta conta ainda que o maior desafio está na extensão do conteúdo do concurso, mas ressalta que a determinação é a força motriz da conquista. “Toda dedicação é recompensada”, pontuou.
O processo seletivo
As inscrições para o CP-CSM-CD deste ano serão abertas de 30 de abril a 14 de maio, com uma taxa de R$ 140. O candidato aprovado em todas as fases e classificado dentro do número de vagas ingressa na MB como Guarda-Marinha. Durante o Curso de Formação, que dura em torno de 31 semanas, os alunos recebem remuneração inicial de R$ 9.070,60, sendo R$ 7.315,00 relativos ao soldo militar, R$ 1.389,85 relativos ao adicional militar e R$ 365,75 referentes ao adicional de compensação por disponibilidade militar, conforme previsto na legislação em vigor, além de serem proporcionados alimentação, uniforme, assistência médico-odontológica, psicológica, social e religiosa.
O Curso de Formação de Oficiais (CFO) ocorre no Centro de Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW), no Rio de Janeiro (RJ), com aprendizados que preparam o aluno para exercer cargos e funções nas diversas organizações militares da MB, segundo as suas qualificações e necessidades do serviço. Após a conclusão do curso, os formandos são promovidos ao posto de Primeiro-Tenente, com remuneração bruta de R$ 10.306,25.
Requisitos
Para se inscrever e concorrer à maioria das vagas é necessário ser brasileiro nato, ter no mínimo 18 anos e menos de 35 anos até o dia 30 de junho de 2026. Além disso, os candidatos devem ter concluído ou estar em fase de conclusão do curso superior (Bacharelado ou Licenciatura) e estar registrados no órgão fiscalizador da profissão à qual concorrem.
A primeira etapa consiste em uma prova escrita objetiva de conhecimentos profissionais e redação. O edital ressalta que o exame, com duração total de 4 horas, é de caráter eliminatório e classificatório.
Os aprovados na fase inicial serão convocados para etapas complementares, que incluem desde a verificação de dados biográficos e de documentos até a realização da inspeção de saúde, avaliação psicológica e Teste de Aptidão Física. Nessa fase também ocorre a prova de títulos. A preparação física e o conhecimento sobre os títulos exigidos podem ser decisivos para a classificação dos candidatos.
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