Em fevereiro de 2025, o Laboratório de Radiação Ionizante (LRI) do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) obteve a renovação de sua licença de operação junto à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), incluindo um novo arranjo de ensaio com feixe de nêutrons térmicos. Este arranjo, projetado e construído no IEAv, produz um feixe colimado de nêutrons de baixa energia que permite estudar os efeitos destas partículas sobre circuitos integrados, de forma a estimar sua taxa esperada de falha quando operando em ambientes com presença de radiação, como por exemplo o ambiente espacial.
O pesquisador do IEAv e líder do Projeto ERISA-D (Efeitos nocivos da Radiação Ionizante em tripulações, Sistemas Espaciais e Defesa), Doutor Claudio Federico, explica que os nêutrons são parte importante da radiação cósmica incidente em altitudes de voo de aeronaves, sendo responsáveis por cerca de 50% da dose incidente em tripulações e por mais de 90% dos efeitos (falhas transitórias ou permanentes) em dispositivos aviônicos, sendo uma preocupação da indústria aeronáutica moderna. 
“Em especial, os nêutrons térmicos podem afetar seriamente os circuitos integrados, por meio de reações com contaminantes presentes no silício utilizado, principalmente em circuitos integrados comerciais de prateleira”, pontuou.
O Laboratório de Radiação Ionizante do IEAv realiza ensaios de tolerância à radiação ionizante em dispositivos eletrônicos e materiais diversos voltados ao interesse aeroespacial, visando prever e mitigar falhas nos sistemas, decorrentes da radiação. Os feixes disponíveis foram complementados agora pelo novo arranjo de nêutrons térmicos, tornando o LRI/IEAv uma instalação singular e mais abrangente para ensaio de radiação em sistemas aeroespaciais.
Fotos: IEAv
