A Marinha do Brasil (MB) anunciou, na última semana, a publicação de quatro novas cartas náuticas atualizadas para a região dos Estreitos, no arquipélago do Marajó (PA). Produzido pelo Centro de Hidrografia e Navegação do Norte (CHN-4), o material fornece dados essenciais à segurança da navegação, como profundidades, obstáculos submersos, faróis, boias e outros auxílios náuticos.
As novas cartas integram o 3º Plano Cartográfico Náutico Brasileiro, que prevê a atualização de mapas náuticos da região. Entre as inovações, está a inclusão da primeira Carta de Navegação Eletrônica do arquipélago, marco importante para a modernização da hidrografia na Amazônia.
“As profundidades mudam com frequência. Há feições que se alteram, margens que se deslocam, e isso exige um trabalho constante do Centro, que dispõe de quatro navios e lanchas para aquisição contínua de dados atualizados. Essas informações alimentam os Avisos aos Navegantes, uma ferramenta de uso geral”, explicou o Diretor do CHN-4, Capitão de Fragata Anselmo Vinicius de Souza.
O arquipélago do Marajó tem papel central no transporte fluvial de cargas pelo Arco Norte e no deslocamento de passageiros no Norte do Brasil, especialmente no trecho entre os rios Pará e Amazonas. Com as novas cartas, os navegantes passam a contar com ferramentas mais seguras e digitais para o planejamento de rotas e a prevenção de riscos.
Estão previstas, ainda, a publicação de mais sete cartas náuticas para a região como parte do 3º Plano Cartográfico Náutico Brasileiro, ampliando a segurança e a eficiência da navegação fluvial na Amazônia.
Cartas Publicadas pelo CHN-4 para Região dos Estreitos:
Carta náutica 4351 – da Ilha Siriri à Breves
Carta náutica 4352 – de Breves ao Furo do Tajapuru
Carta náutica 4353 – da Ilha do Meio à Ilha Macujubim
A região
O arquipélago abrange 16 municípios: Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Muaná, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure. A área total do arquipélago, 104.139,93 km², é superior à soma dos territórios dos estados do Espírito Santo e da Paraíba. A população é estimada em 557.231 habitantes.
Levantamento hidrográfico
Levantamento hidrográfico é um conjunto de atividades executadas na obtenção de dados batimétricos, geológicos, maregráficos, fluviométricos, topo geodésicos, oceanográficos e geofísicos, em áreas marítimas, fluviais, lacustres e em canais naturais ou artificiais.
Os ecobatímetros modernos utilizam os princípios físicos da propagação do som na água para o cálculo da profundidade. Os sinais de um ecobatímetro são emitidos por uma fonte rebocada na superfície ou fixada no casco da embarcação. As ondas acústicas de alta frequência, que se propagam através da água, atingem o fundo e são refletidas de volta à superfície. Obtendo-se a velocidade de propagação do som na água e o tempo de trânsito dos sinais, é possível calcular a profundidade.
O que são cartas náuticas?
Cartas náuticas são representações da superfície terrestre, que possibilitam ao navegante orientar-se sobre sua posição e perigos (bancos de areia, pedras submersas, cascos soçobrados ou qualquer outro obstáculo), profundidades e auxílios que permitem uma navegação mais segura.
Os registros sobre profundidade são fundamentais para a determinação precisa da folga abaixo da quilha das embarcações, isto é, a distância entre o ponto mais profundo do casco do navio e o fundo do rio. No Brasil, todas as cartas náuticas oficiais são produzidas e atualizadas pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha.
Atuação no Marajó
A MB, além dos levantamentos hidrográficos – essenciais ao tráfego aquaviário –, também realiza uma série de atividades que protegem as riquezas locais e cuidam da sociedade naquela região, desde o ribeirinho mais inacessível até a capital e seus arredores.
É o caso da Operação “Chance Para Todos”, na qual dentistas, médicos e profissionais de instituições parceiras atenderam a população dos municípios de Soure, Ponta de Pedras e São Sebastião da Boa Vista, além de Abaetetuba, no nordeste do Pará. Outro exemplo expressivo foram os mais de 2.300 atendimentos realizados na Ilha, durante a Ação Cívico-Social (ACiSo), uma das características marcantes do emprego dos militares da Força naquela região.
À época, nos municípios paraenses de Breves, Curralinho, Oeiras do Pará e Ponta de Pedras, foram realizados mais de 2.300 atendimentos médicos, quase 1.200 atendimentos odontológicos, 800 procedimentos laboratoriais, 4.121 atendimentos de enfermagem e distribuídos 31.294 medicamentos.
Além disso, a MB também tem o dever de patrulhar a região e coibir ilícitos, quer de forma autônoma, como quando apreendeu uma embarcação com mais de 3 mil ripas de madeira ilegais na Ilha do Marajó (próximo ao município de Breves, no Pará); quer em parceria com outras agências de segurança pública, como a Polícia Federal, quando realizou operação conjunta que apreendeu 2 mil caixas de cigarros contrabandeados.
Nesse ínterim, as cartas também têm relevância operacional, visto que há uma atuação intensa das Operações Ribeirinhas na região, em atividades que envolvem todos os meios operativos do Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Norte.
Além dessas atividades, há as de Busca e Salvamento (do inglês Search and Rescue, com o acrônimo de SAR), também de grande relevância para a região, enquanto navios e aeronaves da Força operam para garantir que os navegantes – tanto em áreas fluviais quanto marítimas – sejam resgatados em caso de acidentes, panes ou emergências de saúde.
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