Marinha do Brasil e Forças Armadas da França encerram Operação “Jeanne d’Arc 2025”

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Militares brasileiros e franceses encerraram, nesta terça-feira (25), a etapa Brasil da Operação “Jeanne D’Arc 2025” com uma Operação Anfíbia (operação naval lançada do mar para a terra) na Praia Mansa, região metropolitana de Fortaleza (CE).

Realizado pela Marinha do Brasil, Marinha Nacional da França e Brigada Anfíbia da França, o Exercício combinado envolveu cerca de 1200 militares, sendo 600 brasileiros e 600 franceses. Além de incrementar a interoperabilidade entre as Forças envolvidas, o objetivo é fortalecer parcerias e intensificar a cooperação no campo da diplomacia naval.

A ação realizada nesta terça-feira reuniu autoridades, imprensa e público para assistir a uma Operação Anfíbia, na modalidade Projeção Anfíbia com foco em Operação de Evacuação de Não-Combatentes (civis ou membros das Forças Armadas que não estejam envolvidos com o conflito).

Para o Comandante de Operações Navais, Almirante de Esquadra Cláudio Henrique Mello de Almeida, a escolha do Navio Doca Multipropósito (NDM) “Bahia” para a operação se deu por sua versatilidade. “Esse tipo de navio tem sido uma opção para várias Marinhas do mundo, pois ele permite o emprego em diversos tipos de ambiente. Ele pode atuar, como aqui nesse exercício, em uma situação de possível conflito, mas pode também ser usado em operações humanitárias e de apoio à Defesa Civil”, explica.

Segundo o Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, Almirante de Esquadra (Fuzileiro Naval) Carlos Chagas Vianna Braga, para a Marinha do Brasil, em especial para o Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), esse tipo de exercício é fundamental em vários aspectos. “O CFN é a força estratégica de pronto emprego, de caráter anfíbio e expedicionário da MB. Esse tipo de exercício desloca as tropas do Rio de Janeiro, uma das nossas bases principais, até Fortaleza, embarcados em navio da nossa Força. Isso é prontidão operativa, capacidade expedicionária e capacidade anfíbia. Além disso, conseguimos executar isso tudo em uma operação combinada com um parceiro estratégico importante para nós, como é a França”, afirma.

Sobre a parceria estratégica entre França e Brasil, o Adido de Defesa da França, Capitão de Mar e Guerra Matthieu Dejour, ressalta que essa cooperação vai além da Operação “Jeanne D’Arc”. “Existe o programa de construção de submarinos em Itaguaí, no Rio de Janeiro, além disso temos uma ação que trata da segurança marítima e hoje estamos vendo essa parceria na área das operações anfíbias. Essa operação tem benefícios mútuos, é uma possibilidade de treinar e aprender com as tropas anfíbias brasileiras”, lembra.

A Operação foi executada com meios navais, terrestres, aeronavais e de Fuzileiros Navais de ambos os países, com destaque para a presença do NDM “Bahia”, Porta-Helicópteros Anfíbio Mistral (L9013), a Fragata Surcouf (F711), a Bateria de Lançadores Múltiplos de Foguetes (LMF) ASTROS adaptada com o Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP), embarcações de desembarque anfíbio da Marinha Nacional Francesa, Carro Lagarta Anfíbio (CLAnf), aeronave UH-15 “Super Cougar”, além de outras embarcações, viaturas leves e pesadas e outros equipamentos militares da MB.

Operação de Evacuação de não-combatentes

As Operações de Evacuação de não-combatentes caracterizam-se por prover a necessária saída, em segurança, de brasileiros, ou de nacionais de interesse do governo brasileiro, de territórios onde desastres naturais ou instabilidades políticas ou sociais possam colocar em risco a integridade física dessas pessoas.

Um dos destaques da Operação foi a presença do Míssil Antinavio de Superfície (MANSUP), de produção nacional, junto à viatura “ASTROS”, do Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais. Um meio versátil que pode ser transportado por meio terrestre, marítimo e aéreo, como ocorreu na ação inédita de transporte do MANSUP pela aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira.

Ao mesmo tempo em que as ações em terra eram realizadas, equipes de Operações Especiais da MB chegaram pelo mar e verificaram se o terreno tinha a segurança necessária para a ação iniciar. Em seguida, o NDM “Bahia” lançou os CLAnf na água. Logo após, embarcações de desembarque pneumáticas chegaram à praia a fim de avaliar as condições e identificar possíveis riscos. Essas embarcações, por sua versatilidade, são usadas tanto em ambientes hostis quanto em operações humanitárias.

Foi possível ver uma cortina de fumaça branca, que serviu para ocultar o deslocamento da coluna blindada formada pelos CLAnf. Logo após, eles abicaram na praia e rapidamente os militares das duas nacionalidades desembarcaram para evacuar os nacionais em perigo.

Os militares montaram um Centro de Controle de Evacuados, local onde acontece o processo de acolhimento, triagem e embarque dos não combatentes e suas bagagens nos CLAnf. Essa área deve ser dotada de seguranças, intérpretes, imigração local, apoio da Embaixada e de profissionais da saúde.

No céu, foi possível observar o sobrevoo da aeronave UH-15 “Super Cougar” da MB que pode ser usada em múltiplas funções. Eles são empregados em apoio de operações especiais, evacuação aeromédica, busca e salvamento, operações terrestres de caráter naval, entre outras. Caso a evacuação acontecesse em uma área de difícil acesso por terra ou em casos de necessidade de rapidez extrema, por exemplo, o helicóptero poderia ser utilizado.

Já chegando ao final do exercício, a EDA-R e a EDA-S, embarcações tipo catamarã capazes de transportar até 80 toneladas da Marinha Nacional da França, chegaram à praia trazendo militares brasileiros e franceses.

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Fonte: Agência Marinha

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.

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