Marinha, MCTI e CNPq premiam cientista do Sirius com a maior honraria da ciência brasileira

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A Marinha do Brasil (MB) reafirmou seu compromisso com o avanço científico e tecnológico do País ao participar, em 8 de maio, da cerimônia de entrega do Prêmio Almirante Álvaro Alberto (PAAA) para a Ciência e Tecnologia 2025. Realizado no auditório da Escola Naval, o evento integrou a Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC), ocasião em que a instituição recebe seus novos membros.

A premiação foi promovida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e com a própria Marinha, anfitriã da solenidade. A iniciativa reforça a interação da Força com a comunidade científica em áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional.

O físico Antonio José Roque da Silva, Coordenador do Projeto Sirius, um dos mais modernos aceleradores de partículas do mundo, foi o vencedor da 37ª edição do prêmio. Professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e Diretor-Geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), o professor também é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e atua nas áreas de física da matéria condensada e física atômica e molecular. Possui mais de 130 artigos publicados em periódicos científicos e é coautor de mais de 200 trabalhos apresentados em eventos nacionais e internacionais.

O acadêmico recebeu o troféu “Farol do Conhecimento” — símbolo da luz que guia o caminho da ciência —, além de diploma, medalha e R$ 200 mil, concedidos pelo CNPq. A premiação também inclui visitas ao Centro Industrial Nuclear de Aramar e a um Navio de Assistência Hospitalar da Marinha — conhecido como Navio da Esperança —, reforçando a integração entre a Defesa Nacional e a Ciência na busca por soluções inovadoras e por autonomia tecnológica de interesse estratégico para o País.

O professor José Roque destacou que seus maiores desafios vieram com sua atuação no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), iniciada há 15 anos, ao receber a missão de implementar o Sirius, hoje a mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil. O equipamento de grande porte utiliza aceleradores de partículas para gerar luz síncrotron, ferramenta fundamental para investigar a composição e a estrutura da matéria em diferentes escalas, com aplicações em áreas como biologia, medicina, nanotecnologia, energia e meio ambiente.

“Ser reconhecido com o Prêmio Álvaro Alberto é uma grande honra. A homenagem, ao reverenciar o Almirante Álvaro Alberto, destaca a importância de termos pessoas não vinculadas diretamente ao Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia defendendo e apoiando o fazer científico. É fundamental reforçarmos o apoio popular à ciência nacional, que muitas vezes é posta em risco. Além disso, receber o reconhecimento do CNPq é uma grande felicidade e remete à minha trajetória profissional. Fui bolsista do CNPq e, agora, recebo o reconhecimento dos meus pares por meio deste prêmio — concedido por um Conselho que foi, e continua sendo, essencial para o fortalecimento da ciência brasileira”, afirmou o professor José Roque.

Durante a cerimônia, o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, ressaltou que nenhuma nação assegura sua soberania sem o amparo da ciência. “Nenhum povo preservou a liberdade ao longo de gerações sem o domínio das tecnologias. Tampouco qualquer Estado permaneceu ileso às injunções de interesses externos sem a capacidade de pensar com autonomia, construir com competência e resguardar, com recursos próprios, os desígnios de seu destino. O Brasil, com seus recursos, sua posição geopolítica e sua vocação de grandeza, tem o dever histórico de trilhar esse caminho com visão, competência e responsabilidade”, disse o Comandante da Marinha.

O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, ressaltou o papel histórico da instituição no fomento à ciência nacional e destacou o ganhador do Prêmio Almirante Álvaro Alberto de 2025. “Há 74 anos, o CNPq impulsiona a ciência brasileira e reconhece trajetórias exemplares como a do Professor José Roque. Para que o País siga avançando com justiça social e sustentabilidade, é essencial que a comunidade científica mantenha seu compromisso com aquilo que há de mais valioso: civilidade republicana, conhecimento, racionalidade e responsabilidade com o presente e com o futuro”, afirmou.

O Secretário-Executivo do MCTI, Luis Fernandes, destacou que a articulação entre o governo, a academia, as instituições científicas e a MB é fundamental para o fortalecimento da soberania nacional.

“O que presenciamos hoje, essa articulação entre pesquisadores de diferentes instituições, universidades e centros de pesquisa, não representa apenas um gesto simbólico, mas uma ação essencial para que o Brasil avance como uma nação soberana, capaz de transformar sua riqueza em prosperidade por meio da ciência, da tecnologia e da inovação”, ressaltou.

Para a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, participar da entrega do Prêmio durante a Reunião Magna, ocasião em que a Academia recebe seus novos membros, é motivo de orgulho.

“Esse é um prêmio que leva o nome do Almirante Álvaro Alberto, uma referência da ciência brasileira e símbolo da luta pela soberania nacional por meio do conhecimento. A premiação, promovida em parceria entre o CNPq e a MB, é a mais antiga da ciência brasileira e tem valorizado, ao longo dos anos, pesquisadores de diversas áreas, alternando entre ciências humanas e sociais, ciências exatas, da Terra, engenharias, e  ciências da vida”, destacou Helena Nader.

A cerimônia reuniu autoridades civis e militares com atuação destacada no campo da ciência, da tecnologia e da inovação, reafirmando o compromisso conjunto com o desenvolvimento e a soberania nacional.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.

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