Em um país continental como o Brasil, onde distâncias, climas e realidades sociais são tão diversas quanto desafiadoras, as Forças Armadas desempenham um papel que vai muito além da defesa do território nacional. São, muitas vezes, a única presença efetiva do Estado em regiões isoladas, desde comunidades ribeirinhas na Amazônia até povoados nos sertões nordestinos, passando pelos confins da fronteira oeste, o Pantanal e os vales esquecidos do Sul.
Enquanto os debates sobre o papel das Forças Armadas muitas vezes se restringem às tensões ideológicas que emergem nas capitais, a verdadeira missão militar acontece no Brasil invisível, o Brasil fora dos holofotes, longe da cobertura dos grandes jornais. É lá, no interior do Amazonas, no sertão do Piauí, nas faixas de fronteira do Acre, nas embarcações sobre os rios do Pantanal, nas missões de apoio nas regiões alagadas do Sul ou nas estradas sem asfalto do interior gaúcho e nordestino, que os militares se tornam pontes entre o poder público e o cidadão comum. As Forças Armadas são as únicas instituições do Estado com presença permanente nos quatro cantos do país. E essa presença não se resume à vigilância. Ela se manifesta na solidariedade, na disciplina e na capacidade de agir, com soldados, marinheiros e aviadores prestando um serviço essencial onde o Estado, muitas vezes, não consegue chegar por vias convencionais.
Missão acima de ideologias
É preciso separar, com clareza, o papel institucional das Forças Armadas de eventuais tentativas de uso político ou ideológico. O militar, por essência, serve à Nação, não a partidos, grupos ou movimentos. Juram lealdade à Constituição e à bandeira nacional, e não às vontades transitórias de governos ou lideranças. Confundir o papel dos militares com ações de pequenos grupos políticos é não apenas um erro estratégico, mas uma injustiça com uma instituição que se mantém como uma das mais respeitadas pela população.
Investir em Defesa é investir no Brasil
Muitos questionam os recursos destinados ao setor de Defesa, mas se esquecem que os militares não operam apenas tanques ou aviões de combate. Operam pontes móveis em regiões alagadas, purificadores de água em áreas isoladas, clínicas de campanha onde não há SUS. São presença médica, logística e de engenharia em lugares onde o Estado não chega por vias convencionais.
Investir nas Forças Armadas não é apenas garantir soberania contra ameaças externas. É garantir também a capacidade de resposta interna, de auxílio logístico e de defesa civil. Países com dimensões e riquezas como o Brasil não podem se dar ao luxo de negligenciar sua estrutura de Defesa.
Uma força nacional em todos os sentidos
As Forças Armadas são presença humana, logística, médica e estrutural. Estão lá quando os rios sobem, quando pontes caem, quando comunidades inteiras ficam isoladas por causa de enchentes, secas ou epidemias. Estão lá mesmo quando ninguém está olhando. E é justamente nesse silêncio que mais se ouve a voz do dever cumprido.
É dever do cidadão e das autoridades valorizar essa estrutura. E, sobretudo, proteger a missão constitucional dos militares de desvios ideológicos e polarizações. A soberania de um país se constrói não apenas com força, mas com confiança, propósito e responsabilidade democrática. O Brasil é um país rico, de recursos, de cultura e de gente, e merece um sistema de Defesa forte, presente e respeitado.
Editorial Defesa TV
Autor
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Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano das Forças Armadas e ex-integrante de unidades especiais, com ampla experiência na cobertura de operações militares, treinamentos e atividades estratégicas das Forças Armadas brasileiras. Sua atuação combina expertise técnico-operacional com sólida formação civil voltada à comunicação em ambientes de defesa, incluindo capacitações específicas em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares realizados pelo Exército Brasileiro em diversos biomas do país, além de cursos no COPPAZNAV (Curso de Correspondente de Paz da Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltados à cobertura em áreas de conflito e operações de paz. É reconhecido por produzir conteúdos jornalísticos realistas, acessíveis e impactantes, contribuindo para a valorização institucional das Forças Armadas junto à sociedade civil. Em 2011, atuou diretamente na resposta ao desastre da Região Serrana do Rio de Janeiro, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro (RJ). Foi agraciado com as Medalhas Amigo da Marinha, Mérito Veterano da Associação dos Veteranos da Força Aérea Brasileira (AVFAB) e Mérito Tamandaré, concedida pela Marinha do Brasil. Atualmente é Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e do Defesa em Foco, coordenando reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional com linguagem ética, técnica e engajadora.
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