Preparadores vs Sobrevivencialistas: Diferenças, Convergências e a Importância das Técnicas de Sobrevivência

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Nos últimos anos, com o aumento das instabilidades climáticas, políticas e econômicas, termos como “preparador” e “sobrevivencialista” ganharam notoriedade entre brasileiros atentos à resiliência pessoal e comunitária. Embora frequentemente usados como sinônimos, os dois conceitos têm distinções importantes em sua origem, filosofia e prática. Esta matéria visa esclarecer essas diferenças e mostrar por que todo preparador deve dominar técnicas sobrevivencialistas.

2. Levantamento Global: Filosofias e Abordagens

Na América do Norte, particularmente nos Estados Unidos, o prepper é um fenômeno ligado à cultura da autossuficiência e à desconfiança do governo. Grupos como os associados à FEMA (Federal Emergency Management Agency) promovem preparação civil com base em cenários realistas: apagões, desastres naturais e crises econômicas. Já os survivalists (sobrevivencialistas) vão além, muitas vezes praticando isolamento rural e treinamentos militares para situações extremas.

Na Europa, especialmente em países nórdicos como Suécia e Finlândia, a preparação tem caráter institucional, com campanhas governamentais de resiliência. Sobrevivencialismo, aqui, é entendido como uma extensão do conhecimento escoteiro e bushcraft.

Na América Latina, observa-se uma fusão de ambas as abordagens. No Brasil, por exemplo, os preparadores urbanos têm se destacado, focando em autonomia alimentar, energia e segurança em contexto urbano. A influência de canais como Defesa.tv.br e comunidades como a “Sobrevivência Brasil” consolidam uma abordagem mista.

3. Materiais & Equipamentos

O preparador tende a investir em infraestrutura: estoques de alimentos liofilizados, sistemas de energia solar, aquecedores portáteis, kits de primeiros socorros e ferramentas multifuncionais. Já o sobrevivencialista prioriza o que pode carregar e utilizar imediatamente: facas táticas, kits de bushcraft, mochilas BOB (Bug-Out Bag), filtros de água portáteis e abrigo improvisado.

Equipamentos como o Sawyer Mini (filtro de água), o canivete Mora Companion e mochilas de 40L com cintos de compensação são comuns no kit sobrevivencialista. No Brasil, marcas nacionais como Guepardo e Invictus têm investido em produtos com bom custo-benefício. O desafio está na disponibilidade e preço, ainda mais considerando importações e tributações.

4. Sociabilidade e Rede de Apoio

Preparadores frequentemente constroem redes familiares, comunitárias ou religiosas. Valorizam alianças de longo prazo, partilha de recursos e apoio mútuo. Protocolos comuns incluem comunicação via rádio PX, aplicativos offline como o Bridgefy e uso de senhas visuais em caso de quebra de comunicação.

Sobrevivencialistas, por outro lado, tendem a ser mais autônomos e, por vezes, desconfiados. Mesmo assim, muitos participam de clubes de bushcraft, treinamentos e encontros regulares. Ambas as abordagens reconhecem a importância de uma “tribo de confiança” em cenários colapsados.

5. Desenvolvimento de Habilidades

Um preparador que deseja evoluir deve aprender com os sobrevivencialistas quatro competências-chave:

  1. Orientação e Navegação (uso de mapa, bússola, astros).
  2. Purificação e Coleta de Água em ambientes não controlados.
  3. Primeiros Socorros Avançados (controle de hemorragias, imobilizações).
  4. Construção de Abrigos e proteção climática.

Cronograma de Treinamento:

  • Curto Prazo (1-3 meses): Curso de primeiros socorros, trilhas com pernoite, simulações urbanas.
  • Médio Prazo (6-9 meses): Treinamentos de bushcraft, agricultura urbana, uso de rádio amador.
  • Longo Prazo (1+ ano): Criação de pontos de apoio, formação de grupo de confiança, planejamento familiar tático.

6. Conclusão

Apesar das diferenças conceituais, preparadores e sobrevivencialistas compartilham a mesma meta: resistir com dignidade a cenários de colapso. Enquanto o preparador se ancora na previsão e organização, o sobrevivencialista carrega a versatilidade da adaptação. Para o brasileiro que busca estar pronto, a combinação de ambos os mundos é o caminho mais seguro e eficaz.

7. Referências Bibliográficas

  • Federal Emergency Management Agency. “Are You Ready? An In-Depth Guide to Citizen Preparedness.” FEMA, 2020.
  • Cruz Vermelha Internacional. “Manual de Primeiros Socorros para Comunidades.”
  • KELLERMAN, James. “Urban Prepping: Emergency Preparedness in the City.” Preppers Press, 2019.
  • SANTOS, Rafael. “Sobrevivencialismo no Brasil: técnicas e contexto.” Revista Brasileira de Defesa Civil, 2022.

“Aqui, conhecimento rigoroso e preparação consciente andam juntos. Encontre mais em Defesa.tv.br.”

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.

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