Há exatamente 80 anos, em 28 de abril de 1945, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) protagonizou um dos momentos mais emblemáticos de sua trajetória na Segunda Guerra Mundial: a rendição da 148ª Divisão de Infantaria Alemã e de outras unidades do Eixo em Fornovo di Taro, Itália. O feito marcou a consolidação da presença e da importância do Brasil no teatro europeu de operações, coroando os esforços brasileiros com uma vitória de grande relevância militar e histórica.
O contexto da campanha
Após a dura conquista de Montese, em 14 de abril de 1945, a FEB enfrentou fortes contra-ataques alemães, frustrados pela resistência dos pracinhas brasileiros. Com a impossibilidade de retomar posições, os alemães iniciaram uma retirada estratégica para o norte da Itália, minando estradas e destruindo infraestruturas na tentativa de retardar o avanço dos Aliados.
Para aumentar a mobilidade das tropas brasileiras, o General Cordeiro de Farias, comandante da Artilharia Divisionária, designou viaturas tratoras de obuses para transportar a infantaria, acelerando a perseguição aos inimigos em retirada.
O cerco em Fornovo di Taro
Em 27 de abril de 1945, os nazistas foram cercados em Collecchio, enquanto tentavam abrir caminho para Bolonha. Nesse cenário, a FEB deslocou rapidamente forças para Fornovo di Taro, uma posição estratégica próxima ao rio Pó, a fim de impedir a fuga do grosso das forças inimigas.
No dia seguinte, 28 de abril, os alemães, empenhados em romper o cerco, lançaram violentos contra-ataques contra as posições brasileiras. Contudo, enfraquecidos pelas perdas contínuas e pela pressão incessante dos pracinhas, suas forças foram se desintegrando ao longo do dia.
A rendição incondicional
No início da manhã de 29 de abril de 1945, a rendição incondicional foi efetivada. A FEB capturou:
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14.779 prisioneiros de guerra;
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1.500 viaturas motorizadas;
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1.500 veículos de tração animal;
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80 carroças;
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Diversas armas pesadas, obuses, canhões e munições;
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Mais de 4.000 cavalos.
Entre os prisioneiros, muitos oficiais da reserva ostentavam o distintivo do lendário Afrika Korps, evidenciando que a tropa rendida possuía vasta experiência de combate, incluindo campanhas no norte da África sob o comando do Marechal Erwin Rommel.
A importância estratégica do feito
A rendição da 148ª Divisão Alemã, juntamente com elementos da Divisão Bersaglieri Itália e remanescentes da 90ª Divisão Panzer Grenadier, foi um marco tático e simbólico. Demonstrou a capacidade operacional da FEB e consolidou a posição do Brasil entre as nações que contribuíram diretamente para a derrota do nazifascismo na Europa.
Este episódio é lembrado não apenas pela magnitude dos resultados obtidos, mas também pela demonstração de profissionalismo, disciplina e bravura dos soldados brasileiros. A vitória em Fornovo é um dos capítulos mais honrosos da história militar do Brasil e segue sendo motivo de legítimo orgulho nacional.

Editorial Defesa TV