Estudantes e entusiastas do setor aeroespacial se encontraram em abril nas cidades paranaenses de Curitiba e Piraquara para lançar foguetes durante o VI Festival Brasileiro de Minifoguetes. O festival é organizado pela BAR (Associação Brasileira de Minifoguetes) com apoio da Agência Espacial Brasileira e ocorreu entre 26 de abril e 1º de maio. O evento tem o objetivo de difundir a cultura aeroespacial, o foguetemodelismo e a aeroespaçonáutica no Brasil por meio de competições, minicursos, palestras e exposições.

Durante o Festival, foram lecionados vários minicursos básicos sobre temas relacionados ao projeto e análise de minifoguetes e seus motores, como os minicursos “Preparação e Carregamento a frio de KNSu (Nitrato de Potássio e Açúcar) em motores-foguete experimentais”; “Projeto Estrutural de Motor-Foguete”; “Introdução a Propulsão Híbrida” e “Cálculo e Otimização de Trajetória de Minifoguetes”. Os minicursos foram buscados por todos os participantes do festival, principalmente por aqueles que estão iniciando no foguetemodelismo, seja como atividade de extensão universitária ou por hobby.

O evento contou com certificados de participação para aqueles que frequentaram os minicursos, para os competidores em todas categorias competitivas e para os membros da comissão executora e demais comissões que contribuíram para a realização do evento. É uma excelente oportunidade para os graduandos adquirem conhecimento técnico além de agregar horas aos seus quadros de atividades complementares nas universidades.

Durante a edição de 2019 do festival, havia 8 categorias competitivas, porém os minifoguetes que deveriam competir nas categorias 2K e 3K não foram aprovados para voo. As 8 categorias competitivas são:
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Tempo de voo exato de 7 segundos exclusiva para alunos de ensino fundamental;
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Apogeu exato H-50 médio exclusiva para alunos do ensino médio
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6 categorias livres para apogeu exato (H100, X100h250, H500, H1K, H2K e H3K).
As competições começam com as sessões de inspeção dos minifoguetes, juntamente com a exposição dos projetos e de itens relacionados a cada equipe inscrita, onde se pode encontrar banners, bandeiras, peças dos minifoguetes como tubeiras e motores, além de, claro, muitos alunos orgulhosos de seus projetos. 68 minifoguetes foram inscritos, dos quais 54 foram aprovados para lançamento e 51 foram lançados.

A exposição dos projetos por meio das equipes permite troca de experiências e tecnologias entre os participantes. Todas as equipes inscritas podem expôr seus minifoguetes e seu material de divulgação, orgulhosamente representando suas universidades e instituições.





Participaram do evento equipes da UNIVAP, ITA, UFABC, UFPR, UTFPR e UFRN, entre muitas outras universidades federais e particulares, além de diversos clubes de foguetemodelismo como o grupo baiano CEFAB e o mineiro CEPA. 35 equipes realizaram ao menos 1 lançamento e 13 equipes receberam pelo menos 1 prêmio nas competições, além desta edição do festival registrar 1 novo recorde dos festivais e 1 novo recorde brasileiro na categoria H100.
No Campus da UFPR em Curitiba foram realizadas as competições nas categorias de menor apogeu.

Pode-se notar que independentemente da dificuldade da categoria, as medidas de segurança adotadas são as mesmas, desde os lançamentos pelos alunos do ensino fundamental até os lançamentos de foguetes maiores desenvolvidos por alunos de graduação. É importante mencionar que o Festival busca incentivar que a atividade seja realizada com total segurança, portanto faz-se necessário incentivar as crianças e os graduandos a trabalharem desta forma desde já, afim de que em um futuro próximo possamos ter foguetemodelistas e novos engenheiros não somente capacitados tecnicamente, mas também com consciência sobre segurança operacional.

O uso de “EPI” (Equipamento de Proteção Individual) pelos competidores é um detalhe que faz toda a diferença na segurança da operação e pôde ser notado em todas as categorias competitivas do evento.



Na cidade de Piraquara – PR, vizinha a Curitiba, realizaram-se os lançamentos da categoria H500 e H1K da competição. Os minifoguetes maiores puderam voar em 29 de abril sob a Colônia Penal Agroindustrial de Piraquara, que conta com um extenso campo gramado ideal para os lançamentos.
O dia começou nublado e frio, com uma charmosa neblina entre as araucárias típicas do Paraná, o que inspirou fotos de todos os participantes que visitaram o estado, alguns vindos até do Rio Grande do Norte ou do Acre, estados ao norte do país.

Timidamente, o Sol foi aparecendo e aquecendo os espectadores e competidores. O campo gramado onde as rampas de lançamentos e a tenda de ignição foram montados teve a vegetação aparada, contribuindo imensamente para a realização do evento.

Mais uma vez, pôde-se ver o uso do “EPI” pelos participantes e membros da comissão executora. Todos fizeram uso de capacetes e os membros da comissão executora do evento estavam identificados pelos coletes verdes.

71 pessoas contribuíram voluntariamente para a organização do evento, distribuídas entre a Comissão Consultiva do Festival, Comissão Técnica e Comissão Executora. Muitos dos voluntários eram alunos universitários das equipes inscritas ou membros dos clubes de espaçomodelismo e foguetemodelismo de todos os lugares do país.

Antes do lançamento, as equipes passavam pela Tenda de Ignição para montagem final dos foguetes. Os momentos finais antes do lançamento eram de tensão e muita expectativa por meio dos competidores, mas a confiança em seus projetos garantia a animação.

Após a montagem final do minifoguete, a equipe dirigia-se para a rampa de lançamento para preparação do veículo na base. Os momentos finais pré-lançamento eram de muita expectativa. A contagem regressiva contagiava a todos – Silêncio total até que o estrondoso som do motor-foguete em funcionamento quebrasse o clima de apreensão. O voo do foguete era acompanhado de olhares atentos e de sorrisos de felicidade por parte daqueles que projetaram e trabalharam meses em seus projetos. Sem dúvida, é inenarrável a felicidade estampada em cada rosto e o trabalho em equipe é um dos pontos mais fortes da atividade.

Havia também uma tenda para os espectadores que acompanhavam os lançamentos, além de sanitários químicos e Food Trucks.

Houve lista para registrar a presença dos espectadores e competidores; membros da comissão executora ficaram responsáveis pela coleta das assinaturas. O clima gelado da manhã e o sol quente do meio dia não tirou a animação dos voluntários.

A comissão executora do evento também atuou garantindo que os foguetes fossem localizados e recuperados após o lançamento. Alguns lançamentos contaram com falha no sistema de recuperação e outros foram recuperados perfeitamente. O pessoal responsável por encontrar os foguetes após o pouso contava com rádios para comunicar a posição final dos minifoguetes até que os membros do júri pudessem chegar para fazer a leitura dos altímetros embarcados.

O evento também contou com uma palestra sobre o Programa Espacial Brasileiro ministrada pelo Me. Eng. Marcio Akira da AEB – Agência Espacial Brasileira e com um minicurso sobre segurança em operações aeroespaciais ministrado pelo Capitão Élio (FAB), do CLBI – Centro de Lançamento da Barreira do Inferno em Natal-RN.
Além das palestras e minicursos, houve também o Seminário onde foram apresentados 4 trabalhos técnicos.

Após o encerramento dos lançamentos nas categorias competitivas, havia as sessões de premiação, onde os troféus eram entregues as equipes campeãs. Momentos de orgulho e de muitas fotografias para os pequenos competidores e também para os mais experientes.



Entrega de troféu para equipe 1º lugar na categoria Fundamental. Curitiba-PR. Foto: Lucas Ferreira da Silva.
Para Caroline Castro, aluna da UNIVAP (São José dos Campos), que participou dos minicursos e da comissão executora do festival, o evento foi muito importante para a sua carreira acadêmica: “Eu pude vivenciar na prática muito do que aprendemos em sala de aula na universidade e aqui nos minicursos. Também vimos como é importante a união e comunicação da equipe para chegar no objetivo, pois todas as áreas dependem uma das outras, se o pessoal de propulsão, aerodinâmica, estruturas e eletrônica não estiver entrosado não temos sucesso”. – Reportou a aluna quando perguntada sobre o que havia achado do Festival.
O fim do dia 1º de maio, feriado nacional, contou com o último minicurso do evento e com as sessões de despedidas entre os participantes, além das últimas fotos no belíssimo campus da Universidade Federal do Paraná. Os participantes despediram-se da capital paranaense por meio do aeroporto ou mesmo de ônibus, já sonhando com a participação no VII Festival a ser realizado em 2020.

Parabenizamos a todos os envolvidos no planejamento e organização do VI Festival Brasileiro de Minifoguetes pelo comprometimento em desenvolver atividades de divulgação da cultura espacial e de incentivo a ciência nacional no âmbito aeroespacial, principalmente por fomentar o desenvolvimento acadêmico de foguetes por jovens universitários, uma vez que esta atividade contribui infinitamente para o currículo do aluno que em breve estará no mercado de trabalho, mais preparado e apaixonado pelo o que faz.