Com foco no combate moderno, Divisão Anfíbia da Força de Fuzileiros da Esquadra realiza adestramento intensivo no litoral do Espírito Santo

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Exercício envolve ações ofensivas e defensivas com tropas de infantaria, blindados e artilharia, simulando operações reais de guerra terrestre e anfíbia.

Entre os dias 2 e 13 de junho, a Divisão Anfíbia da Força de Fuzileiros da Esquadra conduz um importante ciclo de adestramento no município de Itaoca, litoral do Espírito Santo. O exercício, denominado Adestramento de Subunidades (Adst-Sub-Art-Inf), tem como objetivo intensificar o preparo das subunidades de Infantaria e Artilharia para o emprego em operações anfíbias e terrestres de caráter naval.

A atividade reforça o compromisso da Força com o combate moderno, integrando tecnologia, simulações realistas e coordenação entre múltiplos vetores, o que eleva significativamente o nível de prontidão das tropas envolvidas.

Realismo tático e poder de combate em ação

Foto: 3ºBtlInfFuzNav

O exercício tem início com o Movimento Navio Terra (MNT), tradicional operação anfíbia que simula o desembarque inicial de tropas em uma zona litorânea. Normalmente, os Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) realizam o desembarque diretamente na praia, onde os Fuzileiros Navais enfrentam possíveis elementos insurgentes para conquistar e estabilizar a chamada cabeça de praia. No entanto, caso o CLAnf abique — ou seja, encoste na praia — e a área já esteja estabilizada e segura, a tropa permanece embarcada, dentro da viatura, e o veículo prossegue o avanço para o interior, ampliando a área sob controle e conquistando novos objetivos estratégicos. Essa progressão proporciona uma zona segura expandida para a chegada de reforços, meios logísticos e outras unidades, conferindo ao exercício o realismo operacional necessário para as atividades da infantaria.

Emprego da infantaria e ações táticas

Nesta primeira fase, o 3º Batalhão de Infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais (3ºBtlInfFuzNav) conduz atividades diurnas e noturnas, incluindo marchas para o combate, ataques coordenados em nível companhia e ações ofensivas sob visibilidade reduzida. Essas movimentações contam com o apoio das Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal Piranha IIIC 8×8, Joint Light Tactical Vehicle (JLTV), dos Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) e dos caminhões Unimog, empregados no transporte de tropas e suprimentos, demonstrando a capacidade de ação integrada das forças.

Em uma simulação realista em terreno hostil, as tropas estão sendo adestradas em posturas ofensivas e defensivas, estabelecendo posições no terreno e organizando núcleos de defesa e resistência. As atividades reproduzem cenários complexos de combate prolongado, exigindo disciplina tática, coordenação entre frações e resiliência operacional por parte das unidades envolvidas.

A aplicação do conhecimento doutrinário e a liderança em campo são constantemente avaliadas, servindo como base para o desenvolvimento de doutrinas de combate atualizadas e adaptadas às exigências dos teatros operacionais contemporâneos.

Artilharia de alta mobilidade e precisão

Foto: Sgt FN D. Cruz

O Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais (BtlArtFuzNav) participa ativamente das manobras com a utilização dos obuseiros 105 mm Light Gun e dos morteiros 120 mm MK6. São executadas missões de apoio de fogo com foco em deslocamento tático, segurança da área, entrada e saída de posições e aplicação do método REOP (Reconhecimento, Escolha e Ocupação de Posição).

O adestramento inclui missões noturnas de iluminação e a preparação para o transporte aéreo dos obuseiros, reforçando a capacidade helitransportada da força e conferindo mobilidade superior em áreas de difícil acesso.

Foto/Vídeo Luiz Camões

Apoio logístico, comunicações e coordenação total

Durante todo o exercício, a Companhia de Comando e Serviços é testada em atividades de ressuprimento, manutenção e evacuação médica, simulando cenários realistas de combate onde a logística eficiente é decisiva para o sucesso das operações. Foram também realizados testes extensivos nos sistemas de comunicações, garantindo a fluidez do comando e o controle das ações em tempo real.

A atuação do Pelotão de Reconhecimento e Vigilância (PelRecVig) é fundamental para a obtenção de dados do campo de batalha, além do direcionamento de fogos de apoio — como o fogo naval, artilharia e morteiros 81 mm — elevando a eficácia dos ataques e da defesa.

Apoio da Divisão Litorânea: proteção, mobilidade e suporte total

Foto: Luiz Camões

O adestramento conta ainda com o reforço essencial de elementos da Divisão Litorânea, unidade tática e logística indispensável para a sustentação das operações. A integração com a Divisão Anfíbia reafirma o conceito de emprego modular das forças do Corpo de Fuzileiros Navais.

  • A Companhia de Polícia (Cia POL) atua no controle de tráfego, segurança perimetral e patrulhamento de áreas sensíveis.

  • A Companhia de Engenharia realiza abertura de itinerários, construção de obstáculos e posições defensivas.

  • O Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) emprega viaturas blindadas de maior porte, aumentando a capacidade de proteção e fogo das tropas em terreno hostil.

  • O Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf) opera os CLAnf, viaturas críticas na fase inicial do assalto.

  • A Unidade Médica Expedicionária (UMEM) garante atendimento pré-hospitalar, triagem e evacuação simulada com prontidão.

Fases do adestramento

Foto: 3ºBtlInfFuzNav

Esta semana marca a execução da primeira fase do exercício, conduzida pelo 3º Batalhão de Infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais (3ºBtlInfFuzNav), no litoral do Espírito Santo. Na etapa seguinte, o 1º Batalhão de Infantaria (1ºBtlInfFuzNav) assumirá a continuidade das operações, mantendo o elevado ritmo de instrução até o encerramento previsto para o dia 13 de junho.

Simultaneamente, o 2º Batalhão de Infantaria (2ºBtlInfFuzNav) conduz um exercício semelhante no município de Rio Bonito, no estado do Rio de Janeiro, ampliando a abrangência do adestramento e reforçando a preparação integrada da Divisão Anfíbia em múltiplos cenários geográficos.

Avaliação e legado operacional

Todas as fases do exercício são avaliadas com base em critérios quantitativos e qualitativos, de acordo com os parâmetros do Programa Padrão de Adestramento. Essas análises geram relatórios técnicos com lições aprendidas, boas práticas e pontos de melhoria.

Ao final, será elaborado um documento avaliativo individual para cada militar, valorizando o comprometimento profissional e a prontidão da tropa.

Formação de futuros líderes navais

Foto no interior do Carro Lagarta Anfíbio – Luiz Camões

Como parte do compromisso com a formação dos novos oficiais, entre os dias 2 e 5 de junho foi realizada a atividade denominada “Embarque de Oportunidade”, que contou com a participação de três aspirantes do 4º ano da Escola Naval. Durante esse período, os aspirantes acompanharam o exercício no terreno, vivenciando de perto a realidade das operações e do comando tático das unidades.

A experiência permitiu que esses futuros líderes navais conhecessem as exigências do combate moderno e fortalecessem a base de sua formação militar, em contato direto com a rotina operacional das tropas anfíbias, essencial para manter viva a tradição de excelência do Corpo de Fuzileiros Navais.

Projeção de poder

Foto: 3ºBtlInfFuzNav

Com este adestramento intensivo, a Divisão Anfíbia reafirma seu papel estratégico como força de projeção de poder da Marinha do Brasil, demonstrando versatilidade, capacidade de resposta rápida e um elevado grau de profissionalismo. O nível de integração, preparo técnico e poder de combate evidenciado em Itaoca posiciona a tropa como um dos pilares da defesa nacional, pronta para atuar em operações conjuntas, interagências ou internacionais, com foco na segurança e soberania do país.

Com informações da Divisão Anfíbia
Editorial Defesa TV

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.

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