Batimento de quilha da Fragata “Cunha Moreira” marca avanço do Programa Classe “Tamandaré”

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Uma moeda posicionada sob uma estrutura metálica de 52 toneladas marcou, em 5 de junho, a realização do batimento de quilha da Fragata “Cunha Moreira” (F202), no Estaleiro Brasil Sul (TKMS), em Itajaí (SC). A terceira unidade do Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), projeto estratégico da Marinha do Brasil (MB) integrante do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), representa mais um passo na consolidação da soberania nacional em tecnologias de Defesa. O evento reuniu autoridades civis e militares, representantes da indústria de defesa e trabalhadores do projeto.

O batimento de quilha é um rito tradicional que simboliza o início formal da montagem de uma embarcação. Durante a cerimônia, uma moeda comemorativa foi colocada na estrutura como símbolo de sorte e proteção para o navio e sua tripulação. O bloco inaugural da F202 corresponde ao futuro compartimento da praça de máquinas, onde serão instalados dois motores, uma caixa redutora e equipamentos auxiliares.

Para Monalisa da Silva Fernandes, colaboradora da TKMS responsável pelo posicionamento da moeda durante o ato simbólico, a experiência foi marcante. “Estou bem nervosa pela proporção do Programa, mas muito feliz por poder participar. Fico bastante orgulhosa de fazer parte de um projeto dessa magnitude”, afirmou.

Três Fragatas em construção

O PFCT é o maior projeto naval de superfície em andamento no Brasil e vive um momento inédito: três fragatas estão sendo construídas simultaneamente. Além da “Cunha Moreira”, o estaleiro abriga a Fragata “Tamandaré” (F200), lançada ao mar em 2024, e a Fragata “Jerônimo de Albuquerque” (F201), com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. O feito reforça a capacidade técnica da Base Industrial de Defesa (BID) e consolida o Brasil como polo de excelência em construção naval de defesa.

As embarcações são construídas com a tecnologia MEKO, da empresa alemã TKMS, amplamente utilizada em navios militares de diversos países e adaptada às necessidades da MB. Com 107 metros de comprimento, 3.500 toneladas de deslocamento e capacidade para cerca de 130 tripulantes, as fragatas contam com convoo, hangar para aeronave, sistemas de mísseis, sensores multifuncionais e radares de última geração.

“São fragatas modernas, em uma geração bem diferente das que temos atualmente. Vão atuar em várias áreas, como defesa de superfície, submarina e antiaérea, com um ganho de qualidade muito grande para a nossa Marinha e para a nossa Esquadra. E estão sendo construídas no Brasil, de forma inédita, gerando empregos e capacitação para os trabalhadores da indústria naval”, ressaltou o Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa.

Cerimônia ocorreu em Itajaí (SC) - Imagem: Terceiro-Sargento Câmara/Marinha do Brasil

Sustentabilidade, inovação e geração de empregos

Construídas no primeiro estaleiro digital da América do Sul, as fragatas da Classe Tamandaré utilizam gêmeos digitais, realidade aumentada e processos digitais que reduzem erros, agilizam correções e minimizam impactos ambientais. O projeto adota um modelo completo de gestão do ciclo de vida, desde a concepção até o descomissionamento, assegurando sustentabilidade e autonomia tecnológica.

Fragata “Cunha Moreira” terá as mesmas características da “Tamandaré” (F200) após sua conclusão – Imagem: Marinha do Brasil

“Ao eliminar o uso de papel, digitalizamos todos os processos, o que gera ganhos em produtividade, confiabilidade e rastreabilidade das informações”, explicou Fernando Queiroz, CEO da Águas Azuis, consórcio responsável pela construção das fragatas. “Estamos produzindo navios de alta tecnologia, tanto no produto quanto no processo. Todo o desenvolvimento é feito de forma eletrônica, com softwares específicos para estrutura, testes, equipamentos e sistemas. Isso tudo gera o irmão digital, que depois será utilizado pela Marinha para operar os navios com a maior eficiência possível”, complementou.

O programa também impulsiona a economia nacional. São estimados 23 mil empregos até 2029, entre postos diretos, indiretos e induzidos, com mais de mil fornecedores nacionais envolvidos. Os navios incorporam sistemas desenvolvidos no Brasil, como o Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS) e o Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS), cujo código-fonte é entregue à Marinha, garantindo autonomia estratégica.

Compromisso com a Amazônia Azul

Mais do que marcos da engenharia naval, as fragatas da Classe “Tamandaré” são pilares da proteção da Amazônia Azul, área marítima de 5,7 milhões de quilômetros quadrados que abriga vastas riquezas naturais e por onde transitam mais de 90% do comércio exterior brasileiro. Essas embarcações serão essenciais para o controle de áreas marítimas estratégicas, a defesa das ilhas oceânicas e o apoio à Política Externa do Brasil.

A Marinha do Brasil tem papel fundamental na defesa da Amazônia Azul, especialmente nas ações de presença – Imagem: Marinha do Brasil

“A evolução da construção naval é fundamental para fortalecer nossa soberania, economia e presença na proteção da Amazônia Azul. Quando construímos nossos navios em solo brasileiro, investimos no desenvolvimento do País, geramos empregos, tecnologia e inovação. Cada fragata da Classe ‘Tamandaré’ é um símbolo do nosso potencial e do nosso compromisso com um futuro mais forte e independente”, concluiu o Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa.

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Fonte: Agência Marinha

Autor

  • Jornalista especializado em Defesa e Segurança (MTB 37358/RJ), veterano militar e ex-integrante de unidades especiais, com sólida atuação na cobertura de atividades das Forças Armadas brasileiras. Possui formação complementar em Estágios de Correspondente para Assuntos Militares, realizados pelo Exército Brasileiro em diferentes biomas, além de capacitações no COPPAZNAV (Marinha do Brasil) e no CCOPAB (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), voltadas à cobertura em áreas de conflito. Atualmente aplica seus conhecimentos técnicos na produção de conteúdos jornalísticos realistas e acessíveis sobre o ambiente operacional das tropas, contribuindo para a valorização e compreensão da importância das Forças Armadas pelo público civil. Em 2011, deixou os registros de lado para atuar diretamente no desastre da Região Serrana do RJ, realizando mapeamentos e coordenando informações em áreas isoladas, o que lhe rendeu uma Moção de Reconhecimento da Câmara de Vereadores de Sumidouro-RJ. Diretor de Conteúdo Audiovisual da Defesa TV e Defesa em Foco, é responsável por reportagens e documentários que aproximam a sociedade dos bastidores da Defesa Nacional.

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