Os museus preservam a memória, ajudam a contar nossa história e estimulam a reflexão sobre o futuro. São espaços de aprendizado, pesquisa e troca de conhecimento. Por isso, todos os anos, em 18 de maio, o mundo celebra o Dia Internacional dos Museus — data criada pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) para destacar a importância dessas instituições na vida das pessoas e no desenvolvimento das sociedades.
Neste ano, a Marinha do Brasil — que possui longa tradição na preservação da história naval — promoveu, por meio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), no dia 19 de maio, um encontro especial na Ilha Fiscal, reunindo especialistas, estudantes e profissionais da área para trocar experiências sobre conservação, memória e os novos caminhos para os museus.
A programação contou com palestras da vice-presidente do ICOM Brasil, Luciana Menezes de Carvalho, que apresentou um ensaio sobre resiliência e refletiu sobre o futuro dos museus; e da museóloga Verônica Cavalcante, especialista em conservação de coleções, que abordou os cuidados necessários no manuseio e transporte de acervos.
Além das palestras, os participantes visitaram a Reserva Técnica — espaço onde são guardados objetos que não estão em exposição, mas são preservados por seu valor histórico e cultural. “A reserva técnica é onde esses itens ganham proteção adequada e continuam cumprindo seu papel social, mesmo longe do olhar do público”, explicou Luciana Menezes, que também compartilhou sua experiência pessoal, por já ter atuado naquele mesmo espaço como estagiária.
Outra atração foi a visita guiada à exposição “Ilha Fiscal, um neogótico em terras tropicais”, que não apenas resgata a história da Ilha e de seu famoso palacete neogótico — um ícone da arquitetura fluminense —, como também destaca sua relevância até os dias atuais.
“Os museus são espaços extremamente importantes na formação de pessoas e sociedades. Precisamos transformá-los em lugares mais acolhedores, sensíveis, onde todos se sintam confortáveis e possam aprender sobre sua história e cultura”, afirmou a vice-presidente do ICOM Brasil. Ela destacou ainda o papel do museu como ferramenta de adaptação em um mundo em constante mudança: “Estamos falando sobre o futuro dos museus em comunidades em rápida transformação.”
A importância dos museus também está em sua missão de preservação. “Foi muito interessante ver o trabalho de conservação, os materiais utilizados e o cuidado necessário para manter um acervo em um contexto tão desafiador como o da Marinha, com umidade e proximidade do mar”, comentou a convidada Márcia Cristina Alves, do Museu de Astronomia. Ela elogiou a iniciativa do evento, ressaltando que a Ilha Fiscal é “a joinha do imperador, e também a nossa.”
A museóloga Verônica Cavalcante reforçou o valor público dessas ações: “Esse tipo de evento colabora muito com o patrimônio nacional e divulga esse patrimônio que é de todos nós.” Já a Chefe do Departamento de Museologia da DPHDM, Capitão de Fragata Patricia Miquilini Gomes, destacou o objetivo da Marinha com a iniciativa: “Este evento busca trazer à luz assuntos de interesse para os museus e equipamentos culturais da Marinha, como conservação, transporte e cuidados com as equipes. É um momento para refletirmos sobre como cuidar melhor das nossas instituições e do nosso pessoal.”
Você conhece os Museus da Marinha?
A Marinha do Brasil, pioneira entre as Forças Armadas ao criar, ainda em 1868, o Museu da Marinha, mantém hoje uma ampla rede de espaços museológicos que preservam capítulos fundamentais da história naval, militar e social do País.
No Rio de Janeiro, o Complexo Cultural da Marinha é o coração dessa estrutura, com o Museu Naval, o Espaço Cultural e a célebre Ilha Fiscal. O visitante pode conhecer desde embarcações históricas — como o submarino “Riachuelo” e a Nau dos Descobrimentos — até exposições sobre o papel da Marinha na formação do Brasil.
Outros museus preservam memórias específicas e preciosas, como o Museu do Corpo de Fuzileiros Navais, instalado em túneis do século XVIII; o Museu da Imigração da Ilha das Flores, dedicado à memória da chegada de imigrantes; e o Museu da Aviação Naval, que resgata a trajetória das aeronaves militares.
Espaços como o Museu Oceanográfico, em Arraial do Cabo; o Espaço Histórico Almirante Sylvio de Camargo; e o Espaço da Memória Histórica, da Diretoria de Hidrografia e Navegação, revelam a pluralidade e a abrangência temática da atuação da Marinha ao longo do tempo.
Fora do estado do Rio de Janeiro, há museus mantidos por Distritos Navais em estados como Bahia, Maranhão, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, como o Museu Náutico da Bahia, o Museu Marítimo de São Luís, o Museu Naval do Rio Grande e o Centro Cultural da Marinha em Florianópolis, entre outros.
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